quinta-feira, 17 de maio de 2018

Pela 1ª vez, OMS publica lista com diagnósticos essenciais para centros de saúde

Por G1

Objetivo é possibilitar tratamento precoce, aumentar chances de cura e direcionar investimentos. 

Todos devem ter acesso a exames de perfil metabólico, como glicose e colesterol, diz a OMS. Também exames pontuais, para avaliar a função do fígado, por exemplo, podem ser pedidos a partir da avaliação de especialista (Foto: Jarmoluk/Pixabay)
 (Foto: Jarmoluk/Pixabay)
Organização Mundial de Saúde publicou, pela 1ª vez, uma lista de 113 diagnósticos as quais todas as pessoas deveriam ter acesso. Tratam-se dos testes mais comuns, como para detecção do HIV e diabetes, até de doenças prioritárias para o combate global: como a malária. Os testes são recomendações e não têm o poder de serem obrigatórios; as decisões da OMS, entretanto, servem para justificar e validar políticas de saúde de governos locais.

A lista com os testes chega para complementar uma outra mantida pela OMS - a de medicamentos essenciais, que existe há mais de quatro décadas. Ela foi elaborada entre os dias 16 e 20 de abril desse ano em reuniões com 19 especialistas nos arredores da sede da OMS em Genebra (Suíça).

A iniciativa é importante por motivos que vão desde ao tratamento a um melhor uso de recursos. A ausência de testes de rotina para HIV e tuberculose, por exemplo, podem deixar as doenças mais difíceis de tratar e facilitar sua disseminação: tratamentos antirretrovirais hoje contra o HIV, por exemplo, têm o poder de deixar a carga viral tão baixa que soropositivos para o vírus perdem o potencial de infectar outras pessoas.

Outro ponto é que a ausência de diagnóstico atrasa tratamentos: a OMS estima, por exemplo, que 46% dos adultos mundialmente não receberam o diagnóstico para a diabetes tipo 2. A condição pode levar à cegueira e à amputação se não tratada - juntamente com outras consequências tóxicas para o organismo.

"Um diagnóstico preciso é o primeiro passo para obter um tratamento eficaz", diz o Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, em nota.

"Ninguém deveria sofrer ou morrer por falta diagnóstico, ou porque os testes certos não estavam disponíveis."


Exames dependem de avaliação

Os 113 testes são divididos em dois grupos: 58 para o diagnóstico de condições comuns, como o rastreamento de sangue e urina; e os outros 55 para doenças prioritárias para o monitoramento e controle, como HIV, tuberculose, malária, hepatites B e C, HPV e sífilis. Confira alguns;

  1. Hemoglobina - para detecção de anemia;
  2. Contagem de glóbulos brancos - para detecção de infecções;
  3. Albumina - para detectar má nutrição, doenças do fígado e do rim;
  4. Glicose - para diagnosticar diabetes e hipoglicemia;
  5. Hemoglobina glicada - para monitorar diabetes;
  6. Diagnósticos para Hepatite B;
  7. Diagnósticos para Hepatite C;
  8. Testes para HIV;
  9. Testes para malária;
  10. Testes para tuberculose (a depender das condições laboratoriais, pode incluir mapeamento para bactérias resistentes);
  11. Testes para sífilis;
  12. Testes de eletrólitos (monitoramento de danos a órgãos) ;
  13. Proteína C-Reativa (para detectar inflamações; também é um indicador de doença cardiovascular);
  14. Perfil de lipídios (colesterol, triglicérides);
  15. Bilirrubina - Monitora doenças de fígado, pâncreas e pode indicar anemia;
  16. Exames de urina (para detectar contagem de células brancas e vermelhas, bactérias e outros micro-organismos);
  17. PH do sangue e gases (para detectar função pulmonar, metabólica e monitorar terapias com oxigênio);
  18. Creatinina (marcador para uma série de condições, como infecções generalizadas);
  19. Painel metabólico (pode incluir glicose, cálcio, creatinina);
Segundo a OMS, muitos dos testes são adequados para cuidados de saúde primários como Unidades Básicas de Saúde; já outros, necessitam de hospitais com laboratórios. A entidade indica que a lista é básica e será agora atualizada periodicamente. O principal intuito, entretanto, é ajudar países em desenvolvimento a decidir para onde vai o investimento.

“Nosso objetivo é fornecer uma ferramenta para testar e tratar melhor, mas também indicar o uso de recursos de forma mais eficiente”, afirma Mariângela Simão, diretora-geral adjunta da OMS para medicamentos e vacinas, em nota.

A OMS indica que a adoção dos testes vai depender da opinião do médico -- que vai analisar a necessidade individual por meio dos sintomas e de dados epidemiológicos do entorno: por exemplo, um pedido para testes de malária deve considerar se a pessoa mora em um país endêmico ou se viajou recentemente para regiões onde há transmissão.

Fonte: G1.

domingo, 4 de março de 2018

OMS recomenda aumentar oferta de testes e tratamento para prevenir tuberculose



A tuberculose é a causa mais comum de hospitalização e morte entre pessoas HIV positivas. Foto: EBC
A tuberculose é a causa mais comum de hospitalização
 e morte entre pessoas HIV positivas. Foto: EBC
Por UNU Brasil

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou ampliação do acesso aos testes e ao tratamento da infecção por tuberculose (TB), especialmente entre grupos que estão particularmente em risco, como crianças pequenas e pessoas vivendo com HIV. A mudança expandirá o acesso aos testes e cuidados para pessoas com infecção latente. Caso não recebam o tratamento adequado, pessoas com essa condição podem desenvolver tuberculose ativa no futuro. 

“As novas orientações da OMS ajudarão os países a catalisar a prevenção da TB e contribuirão para acabar com a epidemia de tuberculose”, disse Tereza Kasaeva, diretora do Programa Global de TB da OMS. “Certificar-se de que todos possam obter o tratamento de que necessitam, para evitar que a tuberculose latente se torne uma TB ativa, salvará vidas e reduzirá o sofrimento”. 

As novas diretrizes da OMS para o gerenciamento programático da infecção latente da tuberculose recomendam ações em três frentes. A primeira delas é a expansão do número de grupos priorizados para o teste e para o tratamento da infecção latente de tuberculose. Os profissionais de saúde têm priorizado testes e tratamento de pessoas vivendo com HIV e de crianças menores de 5 anos que estiveram em contato com pessoas com TB. A OMS já identificou como grupos adicionais de alto risco crianças soronegativas com mais de 5 anos, adolescentes e adultos que tiveram contato com pacientes com TB e TB multidroga resistente. 

A segunda frente de atuação é a expansão das opções de teste. A OMS recomenda a ampliação dos testes para a infecção latente de tuberculose em países com alta e baixa carga da doença. O teste de tuberculina ou o interferon-gamma release assay (IGRA) podem ser utilizados para testar a infecção latente. A doença ativa deve sempre ser descartada antes da prescrição do tratamento preventivo, de acordo com as diretrizes da OMS. 

A terceira é a expansão das opções de tratamento. A OMS está recomendando dois novos regimes de tratamento, mais curtos, para tratar a infecção latente por tuberculose. As drogas rifapentina e isoniazida utilizadas semanalmente por três meses podem ser oferecidas como alternativa aos seis meses de monoterapia com isoniazida como tratamento preventivo para adultos e crianças. A administração dessas duas drogas diariamente por três meses deve ser oferecida como alternativa aos seis meses de monoterapia com isoniazida como tratamento preventivo para crianças e adolescentes menores de 15 anos. Esses regimes mais curtos ajudarão os pacientes a aderirem e completarem o tratamento. 

A OMS também está lançando um aplicativo para dispositivos móveis com o intuito de apoiar o gerenciamento programático da infecção latente de tuberculose. Os países são encorajados a adaptar essa ferramenta aos seus contextos e também a garantir o monitoramento e a avaliação sistemáticos. 

“A ampliação do tratamento preventivo para tuberculose tem sido lenta. Apenas 12 dos 30 países com uma alta carga da doença associada ao HIV notificaram a provisão de tratamento preventivo entre pessoas vivendo com HIV e apenas 13% das 1,3 milhões de crianças elegíveis receberam o tratamento preventivo em 2016”, afirmou Haileyesus Getahun, coordenador para TB/HIV e envolvimento comunitário do Programa Global de TB da OMS. “Esperamos que as novas diretrizes rompam o status quo em muitos países e contribuam para a implementação global dos esforços para a prevenção da tuberculose”. 

Espera-se que as diretrizes consolidadas orientem o desenvolvimento das diretrizes nacionais para a gestão da tuberculose latente, adaptadas à epidemiologia nacional e local, à infraestrutura da saúde e a outros determinantes. Elas também contribuirão nas respostas mundiais e nacionais para encontrar e atingir os pacientes com tuberculose que não estão sob cuidados, por meio de rastreio e teste sistemáticos. 

As diretrizes devem ser usadas principalmente em programas nacionais de controle de TB e HIV ou seus equivalentes nos ministérios da saúde e para outros responsáveis pela formulação de políticas sobre TB e HIV e doenças infecciosas. Elas também são apropriadas para funcionários de outros ministérios com linhas de trabalho na área da saúde. 

“Estamos ansiosos para implementar estas novas diretrizes, pois elas oferecem uma série de oportunidades, incluindo regimes de TB preventivos mais simples, mais curtos, que ajudarão a revigorar a ampliação da prevenção da tuberculose em países como o nosso, que tem uma alta carga da doença”, pontuou Yogan Pillay, diretor-geral para a saúde na África do Sul. “Essas diretrizes são claramente transformadoras e percorrerão um longo caminho para garantir que nenhuma pessoa em risco seja deixada para trás”.

Fonte: ONU Brasil.

domingo, 1 de outubro de 2017

Países das Américas se comprometem a melhorar saúde de populações indígenas, negra e povos ciganos

Por OPAS/OMS

Ministros da Saúde dos países das Américas adotaram uma nova política sobre etnicidade e saúde, na qual se comprometem a eliminar os obstáculos que as populações indígena e negra, bem como os povos ciganos, enfrentam no âmbito da saúde.


Em geral, na região são comuns resultados insuficientes em matéria de saúde para os grupos étnicos. A mortalidade materna e infantil nas populações indígena e negra é habitualmente mais elevada. Em alguns países, as taxas de infecção por HIV são nove vezes maiores entre a população negra em comparação à população branca e os índices de desnutrição infantil entre indígenas são superiores aos da população em geral. Essas populações também tendem a apresentar números elevados de violência contra mulheres e suicídio, segundo indica a nova política.


Luis, de apenas um ano de idade, e sua mãe, Maria Broncano Mejia, indígenas quechua que vivem na comunidade andina de Llacuash, no Peru. Foto: UNICEF/Roger LeMoyne
Indígenas quechua que vivem na comunidade andina de Llacuash, no Peru. Foto: UNICEF/Roger LeMoyne.
As disparidades de saúde enfrentadas por grupos étnicos são resultado de várias barreiras aos serviços de saúde, sejam elas geográficas, financeiras ou culturais.

"Os profissionais de saúde pública e os prestadores de cuidados de saúde precisam considerar o vínculo entre etnia e saúde em cada etapa", disse Andres de Francisco, diretor do Departamento de Família, Gênero e Curso de Vida da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Escritório Regional para as Américas da Organização Mundial da Saúde (OMS). "A invisibilidade e a discriminação frequentemente experimentadas por essas populações e povos aumentam suas condições de vulnerabilidade. Usar uma abordagem intercultural ajudará a eliminar as barreiras que impedem os membros de grupos étnicos a alcançarem o mais alto nível de saúde".

Além disso, a maioria dos sistemas de informação de saúde nas Américas não separa adequadamente os dados por etnia, tornando impossível ter uma imagem completa sobre o estado de saúde desses grupos.

A nova política, aprovada durante a 29ª Conferência Sanitária da OPAS, enfoca cinco linhas estratégicas para melhorar a saúde de grupos étnicos:
  • Produção de evidências, com foco na separação de dados por etnia;
  • Ação política para identificar e acabar com lacunas na política;
  • Participação social para construir e fortalecer parcerias com populações étnicas e reconhecimento dos conhecimentos ancestrais e da medicina tradicional;
  • Fortalecimento dos modelos de saúde intercultural; e
  • Desenvolvimento de capacidades entre profissionais de saúde e trabalhadores de saúde comunitários.

Durante o desenvolvimento da política, a OPAS trabalhou em estreita colaboração com líderes étnicos da região, incluindo a juventude, para garantir que essa iniciativa refletisse suas visões de mundo e atendesse da melhor forma suas necessidades.

"Poder ouvir diretamente os grupos que tradicionalmente foram excluídos dos serviços de saúde foi uma contribuição inestimável para o desenvolvimento desta política", disse Sandra del Pino, assessora regional da OPAS para a Diversidade Cultural. "Será crucial continuar essas conversas à medida que os países avançarem para implementar a política".

A política está alinhada à Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, a Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial, a Convenção 169 sobre os povos indígenas e tribais da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

Confira alguns números:
  • Ainda que os grupos indígenas constituam menos de 8% da população, atualmente representam 17% da população que vive em situação de extrema pobreza na América Latina.
  • A taxa de fertilidade entre as mulheres indígenas e negras é aproximadamente 50% superior à taxa da população geral e, no entanto, recebem menos atenção de qualidade durante a gravidez, parto e pós-parto.
  • Na Guatemala, 58% das crianças indígenas sofrem de desnutrição crônica e 23% de desnutrição grave, enquanto 34% das crianças não indígenas sofrem de desnutrição crônica e 10% sofrem de desnutrição grave.
  • No Panamá e no Peru, a mortalidade infantil entre crianças indígenas é três vezes maior do que a de crianças não indígenas.
  • A mortalidade entre os jovens indígenas no Chile é quase quatro vezes maior do que a entre jovens da população em geral.
  • Cerca de 62,6% das crianças indígenas das Américas são, em certa medida, privadas de água potável, em contraste aos 36,5% de crianças não indígenas.
  • Em alguns países, a taxa de fertilidade entre adolescentes negras é 40% maior que entre adolescentes não negras; entre adolescentes indígenas essa taxa por ser duas vezes superior em comparação à taxa de fertilidade entre a população não indígena.

Fonte: OPAS/OMS.

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2017: Policy on Ethnicity and Health.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Enfrentamento da tuberculose precisa ser acelerado, afirma relatório


Tuberculose é doença infecciosa mais mortal do mundo, o documento de MSF e da Stop Tb Partnership analisa políticas para a doença em 29 países, incluindo o Brasil. 
 Por MSF (adaptado)





Enfrentamento da tuberculose precisa ser acelerado, afirma relatório
Foto: Giorgos Moutafis - MSF.
A organização médico-humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) e a Stop TB Partnership divulgaram a terceira edição de “Out of Step” (Descompasso, em tradução livre), um relatório que ressalta a necessidade de os governos aumentarem seus esforços de combate à tuberculose.

O relatório examina as políticas e práticas para a tuberculose em 29 países – que correspondem a 82% da carga global da doença, segundo classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS) – e mostra o que os países podem fazer mais para prevenir, diagnosticar e tratar pessoas afetadas pela tuberculose.

Apesar de a tuberculose ser evitável e tratável, ela continua sendo a doença infeciosa mais mortal do mundo. Apenas em 2015, 1,8 milhão de pessoas morreram de tuberculose. Em 2015, 54% das 10,4 milhões de pessoas com tuberculose viviam em países representados no G20. Apesar disso, a maioria dos países está atrasada na implementação das novas ferramentas disponíveis para enfrentar a tuberculose.

“A tuberculose mata há muito tempo, mas temos o conhecimento e as ferramentas para enfrentar essa doença; muitos países não estão fazendo uso desses avanços, e as pessoas estão morrendo por isso”, disse Lucica Ditiu, diretora executiva da Stop TB Partnership.

A lacuna no diagnóstico continua enorme. Dos 29 países analisados, apenas 7 tornaram amplamente disponível o Xpert MTB/RIF – um teste molecular rápido para diagnosticar a tuberculose e testar a resistência aos medicamentos de primeira linha contra a doença. Isso significa que a maioria das pessoas nos 29 países ainda é examinada com um método que não detecta muitos casos, ou que exige uma esperar de vários meses para confirmar a doença. Essa lacuna explica por que tanta gente continua sem diagnóstico e tratamento; em 2015, com base na diferença entre a incidência estimada de tuberculose e os casos notificados, estimou-se que 4,3 milhões de pessoas com a doença nunca foram diagnosticadas.

“Como se espera que as pessoas sejam tratadas se elas nem sequer conseguem ser diagnosticadas?”, perguntou o dr. Issac Chikwanha, assessor médico para HIV e tuberculose da Campanha de Acesso a Medicamentos de MSF. “Se os países não fizerem mais para garantir que as pessoas tenham acesso a exames, será impossível reduzir as mortes evitáveis por tuberculose.”

Houve progresso na direção de fazer com que as pessoas com tuberculose tenham acesso a novos tratamentos que são mais eficazes e mais fáceis de suportar.

A hospitalização por períodos extensos pode limitar a capacidade da pessoa de ter uma vida normal e deve ser reservada somente para os pacientes com tuberculose resistente em estado mais grave. O relatório mostrou que 34% dos países pesquisados ainda exigem longas internações para o tratamento da tuberculose resistente. Novos medicamentos para o tratamento da tuberculose resistente tiveram resultados melhores do que os atuais regimes de tratamento, que oferecem índices de cura de apenas 28% no caso da tuberculose ultrarresistente e de 52% no caso da tuberculose multirresistente. Dos países analisados, 79% incluíram a nova droga bedaquilina nos seus protocolos nacionais, e 62% incluíram a delamanida; globalmente, entretanto, apenas 5% das pessoas que poderiam ter se beneficiado desses medicamentos tiveram acesso a eles em 2016.

O tratamento da tuberculose resistente, que em alguns casos exige que o paciente tome 15 mil comprimidos num período de dois anos, pode ser reduzido agora para nove meses. Tratamentos mais curtos ajudam as pessoas a retomarem sua vida normal mais rápido. Porém, apenas 13, ou 45%, dos 29 países analisados tornaram disponíveis os tratamentos mais curtos.

“O relógio está correndo rápido, porque a cada 18 segundos uma pessoa morre de tuberculose. Temos que mudar isso”, disse Sharonann Lynch, assessora de políticas para HIV e tuberculose da Campanha de Acesso. “O número de pessoas diagnosticadas nos últimos quatro anos estagnou, enquanto o número de mortes aumentou em vez de diminuir. Os países precisam usar ferramentas novas para aumentar o ritmo de sua resposta.”

DESTAQUES DO RELATÓRIO “OUT OF STEP” (DESCOMPASSO)

A doença infecciosa mais mortal do mundo deve finalmente ter a atenção que necessita

•    Ainda que a tuberculose seja evitável e tratável, é a doença infecciosa mais mortal do mundo. Em 2015, 1,8 milhão de pessoas morreram da doença.
•    Muitos países estão atrasados no combate à doença, no que diz respeito à introdução de ferramentas modernas de tratamento e à implementação das políticas internacionalmente recomendadas.
•    Pela primeira vez, a saúde global está incluída na agenda da cúpula do G20, que acontecerá nos dias 7 e 8 de julho em Hamburgo. A Declaração dos Ministros da Saúde feita durante a preparação da cúpula reconheceu que a tuberculose deve estar no centro dos esforços contra as infecções resistentes a medicamentos.

O que é o relatório Out of Step

•    É um levantamento sobre políticas de prevenção, diagnóstico e tratamento da tuberculose em 29 países , que representam 82% da carga global de tuberculose, como definida pela OMS (uma combinação do número absoluto de casos e do número de casos proporcional à população).
•    Os relatórios Out of Step foram criados para identificar lacunas e monitorar o progresso na adoção de padrões internacionais para as políticas e práticas nacionais de tuberculose.
•    A primeira edição, publicada em 2014, monitorou oito países; a segunda, publicada em 2015, cobriu 24 países.
•    A edição de 2017 do Out of Step cobre cinco áreas essenciais: diagnóstico, modelos de cuidados, tratamento para tuberculose e tuberculose resistente a medicamentos, regulação medicamentosa e prevenção.

PRINCIPAIS CONCLUSÕES

40% das pessoas que vivem com tuberculose não são diagnosticadas ou tratadas

•    A lacuna nos diagnósticos é maciça: em 2015, mais de 4 milhões de pessoas viviam com tuberculose não diagnosticada.
•    15 (52%)  dos países analisados no relatório introduziram o Xpert MTB/RIF, um exame molecular rápido que pode detectar a forma resistente da doença, como teste inicial para diagnóstico da tuberculose; porém, apenas 7 desses países  aplicam esse exame de forma ampla.

Países estão demorando a introduzir novos tratamentos para tuberculose

•    Apenas quatro países  analisados introduziram, de forma ampla, medicamentos pediátricos em doses fixas combinadas, que são mais fáceis de serem usados e ministrados a crianças.
•    Em certas condições e para as pessoas elegíveis, a duração dos tratamentos de tuberculose multirresistente pode ser reduzida para nove meses. Apenas 13 países (45%) do relatório recomendam esses tratamentos em seus protocolos; nenhum deles disponibilizou o tratamento amplamente.
•    79% (23) dos países analisados no relatório incluíram o medicamento mais novo, a bedaquilina, em seus protocolos nacionais, e 62% (18)  dos países incluíram a delamanida.
•    Globalmente, apenas 5% das pessoas que vivem com tuberculose resistente têm acesso a regimes de tratamento que incluem os novos medicamentos.

Aproximar as pessoas do tratamento: um longo caminho a percorrer

•    Mais de 80% dos países (24) analisados no relatório recomendam que pacientes com tuberculose sensível a medicamentos comecem o tratamento próximo a suas casas, na rede de cuidados primários de saúde; 20 desses países implementaram essa política amplamente.
•    19 dos países incluíram em suas políticas nacionais o início do tratamento da tuberculose resistente em nível distrital, mas apenas 11  desses países implementaram essa recomendação de forma ampla.

Sobre os responsáveis pelo relatório

•    MSF vem tratando pessoas com tuberculose há cerca de 30 anos, e mantém projetos de tratamento em 24 países. Em 2016, MSF apoiou mais de 20 mil pacientes com tuberculose, incluindo 2.700 pacientes com formas resistentes a medicamentos. MSF é uma das organizações não governamentais que mais oferece tratamentos contra a tuberculose resistente.


•    A Stop TB Partnership foi fundada em 2001 e conta com uma rede de mais de 1.600 parceiros. Seus programas incluem o Global Drug Facility (Estrutura Global de Medicamentos), que oferece medicamentos e diagnósticos de tuberculose certificados, acessíveis e de qualidade para diversos países do mundo, e o TB Reach, que já ajudou a diagnosticar mais de 2 milhões de pessoas com tuberculose. A Stop TB Partnership opera por meio de um secretariado hospedado pelo Unops (Escritório das Nações Unidas para Serviços e Projetos) em Genebra, na Suíça, e é governada por um conselho de coordenação que define orientações estratégicas para a luta global contra a tuberculose.


quinta-feira, 29 de junho de 2017

Nova vacina contra tuberculose apresenta resultados promissores




Por Planeta Universitário

Uma nova vacina contra a tuberculose – mais potente do que a atualmente usada na imunização de crianças – está sendo desenvolvida no Instituto Butantan com apoio da FAPESP. Resultados promissores de ensaios pré-clínicos, feitos com camundongos, foram publicados na revista Scientific Reports, do grupo Nature.

“A vacina BCG tradicional é eficaz para proteger crianças das formas mais graves da doença, mas oferece proteção limitada contra infecções pulmonares em adultos. Portanto, desenvolver um novo imunizante mais potente tem sido um desafio da comunidade científica internacional. Diversas estratégias estão sendo testadas”, comentou Luciana Leite, diretora do Laboratório Especial de Vacina do Butantan e coordenadora do projeto.

A estratégia adotada pelo grupo paulista foi desenvolver uma versão recombinante da BCG, ou seja, modificar a bactéria usada na formulação da vacina convencional – a Mycobacterium bovis – para fazê-la produzir uma proteína típica de outra bactéria, a Escherichia coli.

“Essa proteína recombinante, que chamamos de LTAK63, tem um efeito adjuvante na formulação, isto é, faz com que a resposta do sistema imune à vacina seja muito mais forte”, contou Leite.

Nos experimentos com camundongos, os pesquisadores compararam a proteção oferecida pela BCG convencional e pela BCG recombinante. O grupo controle foi composto por animais não imunizados.

Doze semanas após a vacinação, os três grupos foram infectados com a bactéria causadora da tuberculose, a Mycobacterium tuberculosis. Depois de 30 dias, a quantidade de bactérias presente no pulmão foi avaliada.

Nos animais não imunizados, a análise histológica revelou uma grande infiltração de células inflamatórias no pulmão e a quantidade de bactérias no tecido chegou a 1 milhão. No grupo que recebeu a BCG convencional, o número de microrganismos encontrado foi em torno de 100 mil e o grau de inflamação bem mais moderado, porém maior do que o observado no grupo que recebeu a versão recombinante da vacina. Nesse terceiro grupo, foram encontradas no pulmão apenas cerca de 1 mil bactérias.

“Fizemos, em seguida, um segundo experimento no qual desafiamos os animais com uma quantidade até 100 vezes maior de Mycobacterium tuberculosis e observamos que apenas a versão recombinante da BCG ofereceu proteção nesse caso. No grupo que recebeu a vacina convencional os animais começaram a morrer depois de alguns dias”, contou Leite.

Encurtando etapas

O desenvolvimento dessa nova vacina contra a tuberculose foi, de acordo com Leite, desdobramento de um projeto de pesquisa anterior, que tinha como objetivo criar uma versão recombinante da vacina DTP – contra difteria, tétano e coqueluche.

Esse trabalho começou no ano 2000, quando, com apoio da FAPESP, Leite montou um laboratório para desenvolver a metodologia necessária para a produção de BCG recombinante.

“Por ser capaz de induzir no organismo uma resposta imune forte e inespecífica, a bactéria usada na vacina BCG também tem sido empregada como adjuvante no tratamento do câncer e na imunização contra várias doenças. Nossa ideia, na época, foi criar uma versão recombinante desse microrganismo capaz de produzir, por exemplo, uma proteína da bactéria causadora da coqueluche. Assim, seria possível imunizar ao mesmo tempo contra as duas doenças”, explicou a pesquisadora.

Esse projeto inicial está em fase avançada de desenvolvimento e, segundo Leite, os primeiros ensaios clínicos da vacina recombinante contra a coqueluche devem ter início em breve, com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Durante a realização dos experimentos pré-clínicos, o grupo percebeu que a proteína recombinante que imunizava contra a coqueluche também tinha um efeito adjuvante sobre a própria BCG, ou seja, modificava também a resposta imune do organismo à tuberculose.

“Observamos que a resposta estava diferente, mas não o suficiente para aumentar a proteção contra a tuberculose, causada por uma bactéria muito virulenta. Começamos então a procurar uma proteína diferente que fosse capaz de aumentar ainda mais essa resposta imune contra a tuberculose. Foi como chegamos à LTAK63”, contou.

A boa notícia, segundo a pesquisadora, é que grande parte do conhecimento adquirido durante o projeto da coqueluche poderá ser aproveitado no desenvolvimento da nova vacina contra a tuberculose, encurtando etapas cruciais.

“Levamos muitos anos para conseguir adaptar a formulação testada em camundongos para uso em humanos, no caso da vacina contra a coqueluche. Mas agora estamos com a metodologia pronta e o processo deverá ser mais rápido”, afirmou.

O trabalho iniciou durante o pós-doutorado de Ivan Pereira Nascimento com apoio da FAPESP e continua no doutorado de Carina Carvalho dos Santos, que atualmente realiza um estágio de pesquisa no Leiden University Medical Center, na Holanda, também apoiado pela FAPESP. A pesquisa já teve patente aprovada nos Estados Unidos e na África do Sul. 

A estimativa é que a nova vacina contra a tuberculose possa estar disponível em até 10 anos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença atinge mais de 10 milhões de pessoas no mundo e o Brasil está entre os 30 países com maior incidência da doença.

O artigo Recombinant BCG Expressing LTAK63 Adjuvant induces Superior Protection against Mycobacterium tuberculosis pode ser lido em: www.nature.com/articles/s41598-017-02003-9

Agência FAPESP


segunda-feira, 22 de maio de 2017

Tuberculose surgiu há 70 mil anos e evoluiu com o homem

Por Veja Ciência

Segundo estudo, bactéria que causa a doença surgiu na África e acompanhou humanos durante processo de expansão ao redor do planeta

A tuberculose surgiu na África há 70.000 anos – e a doença possui uma trajetória evolutiva próxima a dos seres humanos. É o que concluiu um estudo internacional que analisou 259 amostras da bactéria Mycobacterium tuberculosis, causadora da doença. 

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Out-of-Africa migration and Neolithic coexpansion of Mycobacterium tuberculosis with modern humans

Onde foi divulgada: periódico Nature Genetics

Quem fez: KathIñaki Comas, Mireia Coscolla, Tao Luo, Sonia Borrell, Kathryn E Holt, Midori Kato-Maeda, Julian Parkhill, Stephen Bentley, Simon R Harris, Stefan Niemann, Roland Diel, Abraham Aseffa, Qian Gao, Douglas Young, Sebastien Gagneux e outros

Instituição: Instituto de Saúde Pública e Tropical Suíço e outras

Dados de amostragem: Genoma de 259 cepas da bactéria Mycobacterium tuberculosis, colhidas em diversas partes do mundo

Resultado: Os pesquisadores concluíram que a bactéria que causa a tuberculose se originou na África há 70.000 anos e tem uma trajetória evolutiva parecida com a dos seres humanos.

Liderados por Sebastien Gagneux, do Instituto de Saúde Pública e Tropical Suíço, os pesquisadores sequenciaram o genoma completo de 259 cepas da bactéria, colhidas em diversas partes do mundo. 

Comparando a árvore evolutiva da bactéria com a do homem, os pesquisadores descobriram semelhanças que indicam uma relação próxima entre eles: ambos surgiram na África, emigraram juntos e se expandiram por todo o mundo.

Evolução – O comportamento migratório dos humanos modernos, alinhado a mudanças no estilo de vida, com pessoas vivendo em grupos maiores, favoreceu a evolução e transmissão da doença. “Nós vemos que a diversidade de bactérias causadoras da tuberculose aumentou quando a população humana se expandiu” afirma Gagneux.

Os resultados indicam ainda que a tuberculose não deve ter chegado aos humanos a partir de animais domesticados, como é o caso de outras doenças. “Simplesmente porque a Mycobacterium tuberculosis surgiu muito antes de os humanos começaram a domesticar animais”, explica o pesquisador.

A doença – A tuberculose ainda é considerada uma ameaça à saúde, principalmente nos países menos desenvolvidos. Ela é transmitida pelo ar, de pessoa para pessoa – estima-se que uma pessoa infectada possa contaminar de 10 a 15 pessoas por ano.

De acordo com a OMS, de todas as doenças infecciosas, apenas o vírus HIV, causador da aids, provoca mais mortes do que a tuberculose. Em 2011, 8,7 milhões de pessoas contraíram tuberculose, sendo que 1,4 milhão morreram.

A doença é tratada com uma combinação de antibióticos, que deve ser utilizada durante seis meses. O fato de muitos pacientes abandonarem o tratamento antes de sua conclusão, além do uso excessivo ou equivocado de antibióticos, tem contribuído para que o bacilo desenvolva resistência aos medicamentos. Em 2012, na Índia, médicos relataram casos de tuberculose totalmente resistente, para a qual não há nenhum medicamento eficaz.


Fonte: Veja Ciência.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Tuberculose causa 5 mil mortes por dia no mundo, alerta OMS

Por ONU BR (adaptado)

A tuberculose, principal doença infecciosa do mundo, causa em torno de 5 mil mortes por dia globalmente. A maior incidência de tuberculose recai sobre comunidades que enfrentam desafios socioeconômicos: migrantes, refugiados, pessoas privadas de liberdade, pessoas que vivem em situação de rua, minorias étnicas, mineiros e outras que trabalham e vivem em ambientes sujeitos a riscos, além das mulheres marginalizadas, crianças e idosos.

Pobreza, desnutrição, situações precárias de moradia e saneamento — agravados por outros fatores de risco, como HIV, tabagismo, consumo de álcool e diabetes — podem colocar as pessoas em risco elevado de contrair tuberculose e dificultar o acesso aos cuidados.

Mais de um terço das pessoas (4,3 milhões) com tuberculose no mundo não são diagnosticadas ou notificadas; algumas não recebem cuidados e outras recebem cuidados de qualidade questionável.

A nova orientação ética da OMS aborda questões controversas, como o isolamento de pacientes contagiosos, os direitos dos pacientes com tuberculose que vivem em privação de liberdade e as políticas discriminatórias contra os migrantes afetados pela doença, entre outras.

Também enfatiza cinco obrigações éticas fundamentais para governos, trabalhadores de saúde, prestadores de cuidados, organizações não governamentais, pesquisadores e outras partes interessadas.

Segundo a OMS, esses profissionais têm a obrigação de fornecer aos pacientes o apoio social que necessitam para cumprir suas responsabilidades; abster-se de isolar os pacientes com tuberculose antes de esgotar todas as opções para permitir a adesão ao tratamento e apenas sob condições muito específicas.

Além disso, esses profissionais precisam permitir que “populações-chave” acessem o mesmo tipo de cuidados oferecidos a outros cidadãos; garantir que todos os profissionais de saúde operem em um ambiente seguro; e compartilhar rapidamente evidências das pesquisas realizadas para atualizar as políticas nacionais e globais sobre tuberculose.

Das orientações à ação

Proteger os direitos humanos, a ética e a equidade são os princípios que sustentam a Estratégia da OMS para a Eliminação da Tuberculose. No entanto, não é fácil aplicar esses princípios em campo.

Pacientes, comunidades, profissionais de saúde, formuladores de políticas e outras partes interessadas frequentemente enfrentam conflitos e dilemas éticos. A atual crise da tuberculose multidroga resistente e a ameaça à segurança da saúde que ela representa acentuam ainda mais a situação.

“Somente quando intervenções eficazes baseadas em evidências forem informadas por um sólido quadro ético e pelo respeito aos direitos humanos, teremos êxito em alcançar nossos ambiciosos objetivos de acabar com a epidemia de tuberculose e alcançar cobertura de saúde universal. A aspiração dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de não deixar ninguém para trás está centrada nisso”, disse Mario Raviglione, diretor do Programa Mundial de Tuberculose da OMS.

Fonte: ONU BR.

quinta-feira, 6 de abril de 2017

OMS publica orientação ética para proteger direitos dos pacientes com tuberculose

Por Opas/OMS

Criança recebe remédio contra a tuberculose no Sudão do Sul, no âmbito de um programa apoiado pelo PNUD e pelo Fundo Global de Combate à Aids, Tuberculose e Malária. Foto: PNUD Sudão do Sul / Brian Sokol
Foto: PNUD Sudão do Sul / Brian Sokol
A nova orientação ética sobre tuberculose, lançada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), tem o objetivo de garantir que os países que implementam a estratégia pelo fim da tuberculose (End TB) adotem padrões éticos sólidos para proteger os direitos de todos os afetados pela doença.

A tuberculose, principal doença infecciosa do mundo, causa 5 mil mortes por dia. A maior carga recai sobre comunidades que já enfrentam desafios socioeconômicos: migrantes, refugiados, pessoas privadas de liberdade, pessoas que vivem em situação de rua, minorias étnicas, mineiros e outras que trabalham e vivem em ambientes sujeitos a riscos, além das mulheres marginalizadas, crianças e idosos.

"A tuberculose atinge algumas das pessoas mais pobres do mundo", disse Margaret Chan, diretora-geral da Organização. "A OMS está determinada a superar o estigma, a discriminação e outras barreiras que impedem que muitas dessas pessoas obtenham os serviços de que tanto precisam".

Pobreza, desnutrição, moradia e saneamento – agravados por outros fatores de risco, como HIV, tabagismo, consumo de álcool e diabetes – podem colocar as pessoas em risco elevado de contrair tuberculose e dificultar o acesso aos cuidados. Mais de um terço das pessoas (4,3 milhões) com tuberculose não são diagnosticadas, ou notificadas; algumas não recebem cuidados e outras recebem cuidados de qualidade questionável.

A nova orientação ética da OMS aborda questões controversas, como o isolamento de pacientes contagiosos, os direitos dos pacientes com tuberculose que vivem em privação de liberdade e as políticas discriminatórias contra os migrantes afetados pela doença, entre outras. Também enfatiza cinco obrigações éticas fundamentais para os governos, trabalhadores de saúde, prestadores de cuidados, organizações não-governamentais, pesquisadores e outras partes interessadas para:
  • Fornecer aos pacientes o apoio social que necessitam para cumprir suas responsabilidades;
  • Abster-se de isolar os pacientes com tuberculose antes de esgotar todas as opções para permitir a adesão ao tratamento e apenas sob condições muito específicas;
  • Permitir que "populações-chave" acessem o mesmo tipo de cuidados oferecidos a outros cidadãos;
  • Garantir que todos os profissionais de saúde operem em um ambiente seguro;
  • Compartilhar rapidamente evidências das pesquisas realizadas para atualizar as políticas nacionais e globais sobre tuberculose.

Das orientações à ação
Proteger os direitos humanos, a ética e a equidade são os princípios que sustentam a Estratégia da OMS para a Eliminação da Tuberculose. No entanto, não é fácil aplicar esses princípios em campo. Pacientes, comunidades, profissionais de saúde, formuladores de políticas e outras partes interessadas frequentemente enfrentam conflitos e dilemas éticos. A atual crise da tuberculose multidroga resistente e a ameaça à segurança da saúde que ela representa acentuam ainda mais a situação.

"Somente quando intervenções eficazes baseadas em evidências forem informadas por um sólido quadro ético e pelo respeito aos direitos humanos, teremos êxito em alcançar nossos ambiciosos objetivos de acabar com a epidemia de tuberculose e alcançar cobertura de saúde universal. A aspiração dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) de não deixar ninguém para trás está centrada nisso ", disse Mario Raviglione, Diretor do Programa Mundial de Tuberculose da OMS.

"A orientação tem como objetivo identificar as dificuldades éticas enfrentadas na prestação de cuidados à tuberculose, e destaca as ações-chave que podem ser tomadas para enfrentá-las", acrescentou.

O Dia Mundial da Tuberculose é uma oportunidade para mobilizar compromisso político e social com vistas a um maior progresso nos esforços para acabar com a doença. Neste ano, a data marca um novo impulso nos mais altos níveis com o anúncio da primeira Conferência Ministerial Global sobre a Eliminação da Tuberculose, que será realizada em novembro na cidade de Moscou.

"A Conferência Ministerial vai destacar a necessidade de uma resposta multissetorial acelerada à tuberculose no contexto dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável", disse Ren Minghui, Subdiretor-Geral para HIV/aids, Tuberculose, Malária e Doenças Tropicais Negligenciadas. "O evento enfatizará que a ação global contra a resistência antimicrobiana deve incluir cuidados otimizados, vigilância e pesquisa para tratar urgentemente a tuberculose multidroga resistente".

Fonte: Opas.

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Países precisam adotar medidas urgentes para reduzir mortes por tuberculose, diz UNAIDS



Por UNU Brasil

A tuberculose é a causa mais comum de hospitalização e morte entre pessoas HIV positivas. Em 2015, 1,1 milhão de pessoas morreram de alguma doença relacionada à AIDS — cerca de 400 mil delas morreram de tuberculose, incluindo 40 mil crianças.

A tuberculose é a causa mais comum de hospitalização e morte entre pessoas HIV positivas. Foto: EBC
Foto: EBC
A tuberculose é a causa mais comum de hospitalização e morte entre pessoas HIV positivas. Em 2015, 1,1 milhão de pessoas morreram de alguma doença relacionada à AIDS — cerca de 400 mil delas morreram de tuberculose, incluindo 40 mil crianças.

“É inaceitável que tantas pessoas vivendo com HIV morram de tuberculose e que a maioria não seja nem diagnosticada ou tratada”, disse Michel Sidibé, diretor executivo do UNAIDS. “O mundo só conseguirá alcançar suas metas cruciais para HIV e tuberculose se intensificar a colaboração entre os programas de HIV e tuberculose e acelerar a ação conjunta”, completou.

Oito países — República Democrática do Congo, Índia, Indonésia, Moçambique, Nigéria, África do Sul, Tanzânia e Zâmbia — representam cerca de 70% de todas as mortes por tuberculose entre pessoas vivendo com HIV.

A ampliação da ação nesses oito países colocaria o mundo no caminho certo para atingir a meta ambiciosa da Declaração Política de 2016 da ONU sobre o Fim da AIDS, de reduzir em 75% as mortes relacionadas à TB entre as pessoas que vivem com HIV até 2020.

As fraquezas nos sistemas de saúde continuam a resultar em oportunidades perdidas de diagnosticar a tuberculose entre as pessoas que vivem com HIV — cerca de 57% dos casos de TB associados ao HIV não foram tratados em 2015.

Os vínculos inadequados com os cuidados após o diagnóstico, a falha no rastreamento das pessoas e no acompanhamento, a incapacidade de atingir as populações mais vulneráveis —particularmente as populações marginalizadas, incluindo as pessoas que injetam drogas, as populações privadas de liberdade e os trabalhadores migrantes — e os resultados precários do tratamento contribuem para a falta de progresso.

Em 2014, cerca de 11% dos pacientes vivendo com HIV faleceram, em comparação com os 3% de pacientes com estado sorológico negativo para o HIV. A detecção precoce e o tratamento eficaz são essenciais para prevenir mortes associadas à TB, especialmente entre pessoas HIV positivas.

A resistência às drogas também é uma preocupação importante — em 2015, havia 480 mil novos casos de tuberculose multirresistente. A recente aprovação de dois novos medicamentos para tratar a tuberculose, a primeira em mais de 60 anos, está melhorando as perspectivas para as pessoas com TB resistente aos medicamentos.

O UNAIDS pede pela eliminação de mortes por tuberculose entre as pessoas vivendo com HIV e pelo fortalecimento de sistemas de saúde e integração de serviços para permitir uma ampliação mais rápida das áreas programáticas de HIV e TB.

Os países devem expandir os programas de prevenção e tratamento do HIV que incluam o rastreamento regular da TB, a terapia preventiva e o tratamento precoce, uma vez que são programas simples, acessíveis e eficazes, capazes de prevenir mortes por tuberculose.

Como parte desses esforços, o UNAIDS encoraja os países a intensificar suas ações em 35 países prioritários para acelerar os resultados implementando programas focados e de alto impacto para avançar o progresso rumo ao fim da epidemia de AIDS.

Fonte: ONU Brasil.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Pobreza está cada vez mais concentrada em grupo de 48 países, alerta UNCTAD

Em Jérémie, no Haiti, crianças brincam na Igreja Cristã Nan Lindy. Local abrigou centenas de pessoas que ficaram sem casa após a passagem do Furacão Matthew pelo país caribenho. Foto: UNICEF / LeMoyne
Em Jérémie, no Haiti, crianças brincam na Igreja Cristã Nan Lindy. 

Local abrigou centenas de pessoas que ficaram sem casa após a 
passagem do Furacão Matthew pelo país caribenho. 
País está na lista das 48 nações menos desenvolvidas do mundo. 
Foto: UNICEF / LeMoyne

Por ONU Brasil

A pobreza global está cada vez mais concentrada em um grupo de 48 países que estão ficando para trás na comparação com o restante do mundo em termos de desenvolvimento econômico, de acordo com relatório publicado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).


Em 45 anos desde que a lista dos 48 países menos desenvolvidos foi criada, apenas quatro saíram do grupo após atingir uma série de indicadores socioeconômicos.

A pobreza global está cada vez mais concentrada em um grupo de 48 países que estão ficando para trás na comparação com o restante do mundo em termos de desenvolvimento econômico, de acordo com relatório publicado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). O relatório afirma que a meta global de reduzir o tamanho do grupo de países menos desenvolvidos não será alcançada a não ser que a comunidade internacional tome ações mais efetivas.

A lista inclui Afeganistão, Angola, Bangladesh, Benin, Butão, Burkina Faso, Burundi, Camboja, República Centro-Africana, Chade, Comores, República Democrática do Congo, Djibuti, Guiné Equatorial, Eritreia, Etiópia, Gâmbia, Guiné, Guiné-Bissau, Kiribati, Haiti, Laos, Lesoto, Libéria, Madagascar, Malawi, Mali, Mauritânia, Moçambique, Myanmar, Nepal, Níger, Ruanda, São Tomé e Príncipe, Senegal, Serra Leoa, Ilhas Salomão, Somália, Sudão do Sul, Sudão, Timor-Leste, Togo, Tuvalu, Uganda, Tanzânia, Vanuatu, Iêmen e Zâmbia.

“É nesses países que a luta global pela erradicação da pobreza será vencida ou perdida”, disse o secretário-geral da UNCTAD, Mukhisa Kituyi. “Um ano atrás, a comunidade global concordou em ‘não deixar ninguém para trás’, mas isso é exatamente o que está acontecendo nos países menos desenvolvidos”.

A proporção de pobres no grupo de 48 países menos desenvolvidos mais do que dobrou desde 1990, para bem acima de 40%. A participação daqueles sem acesso a água também dobrou para 43,5% no mesmo período. Esses países agora respondem pela maioria (53,4%) das 1,1 bilhão de pessoas no mundo que não têm acesso a eletricidade, um aumento de dois terços.

Em seis países desse grupo a taxa de pobreza extrema está entre 70% e 80%, e em dez deles esse percentual está entre 50% e 70%. Há apenas quatro outros países no mundo onde a taxa está acima de 30% e em nenhum lugar está acima de 50%.

Isso faz com que o grupo dos países menos desenvolvidos fique numa “armadilha da pobreza”, um ciclo vicioso no qual a pobreza leva à baixa nutrição e saúde, à falta de educação, minando a produtividade e o investimento. Isso bloqueia o desenvolvimento sustentável necessário para reduzir a pobreza.

Os países só poderão quebrar esse ciclo vicioso com apoio internacional em finanças, comércio e tecnologia. A categoria de países menos desenvolvidos foi criada justamente para atrair tal apoio para aqueles que mais precisam.

Os países podem sair da lista ao atingir uma série de indicadores econômicos e sociais. Mas apenas quatro foram retirados em 45 anos desde que a classificação foi criada. Em 2011, a comunidade internacional estabeleceu a meta de reduzir o número de países no grupo até 2020. Mas na metade do caminho, esse objetivo parece estar longe de ser atingido, disse a UNCTAD.

Apenas um país (Samoa) saiu do grupo desde 2011; e outros três (Guiné Equatorial, Vanuatu e Angola) devem fazê-lo nos próximos anos. O relatório projeta que apenas outros 13 países irão se qualificar para sair do grupo até 2021, bem menos que os 21 necessários para atingir a meta em 2020.

As dificuldades em conseguir se retirar do grupo ou atingir o desenvolvimento de longo prazo apontam para a inadequação das medidas de apoio internacional ao desenvolvimento desses países, segundo a UNCTAD.

O relatório pede, então, melhoras em tais medidas, como atingimento das metas de doações para a assistência aos países menos desenvolvidos, mais isenções tributárias para as exportações dessas nações e esforços renovados para acabar com o impasse sobre tratamento especial desses países na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Outras medidas citadas pelo documento são o melhor monitoramento das transferências tecnológicas para as nações mais pobres e a implantação de um processo mais gradual de retirada desses países da lista, para limitar o impacto da perda de apoio internacional uma vez que saem do grupo.

Fonte: ONU Brasil.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Relatório de MSF analisa acesso ao tratamento da TB multirresistente

Foto: Helmut Wachter/MSF.

Por MSF (com adaptações)
Depois de mais de 50 anos sem inovação, dois novos medicamentos para tratar a TB foram aprovados condicionalmente para o uso – bedaquilina e delamanida. Mas, apenas 2% das 150 mil pessoas em necessidade tiveram acesso a eles, de acordo com a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF).

MSF e outros provedores de tratamento estão demonstrando que regimes mais robustos de tratamento para TB contendo um dos novos medicamentos para a doença, a bedaquilina (comercializada pela Johnson & Johnson) ou a delamanida (comercializada pela Otsuka), combinado a medicamentos “adaptados” - que não foram especificamente desenvolvidos para TB, mas demonstraram eficácia no tratamento da doença -, podem melhorar significativamente a saúde de pessoas com TB multirresistente (TB-MDR).

Nos projetos de MSF na Rússia (Chechênia) e na Armênia, 75% e 80% das pessoas, respectivamente, que foram tratadas com bedaquilina não apresentaram sinais de TB com base em taxas de “conversão de cultura” após seis meses. Isso indica que um número significativamente maior de pessoas poderiam completar o tratamento com sucesso e serem curadas do que aquelas que estão sob os tratamentos atuais, que são efetivos para apenas 50% das pessoas com TB-MDR.

De acordo com a Dra. Jennifer Hughes, que trabalha com MSF na África do Sul, o país tem liderado o acesso aos novos medicamentos para a TB-DR, com mais de 1.750 pessoas recebendo a bedaquilina em todo o território nacional desde 2013. “Alguns atores, inclusive MSF, estão oferecendo a delamanida por meio do uso compassivo a diversos pacientes com TB-DR que dispõem de opções de tratamento muito limitadas, embora a delamanida não vá ser disponibilizada amplamente até que seja registrada localmente. Apesar do progresso, é provável que todo paciente de TB-DR seja beneficiado com melhores regimes de tratamento, mas o acesso a novos medicamentos em grande escala não está nem próximo de ser uma realidade. ”

MSF publicou recentemente a quarta edição do relatório “DR-TB Drugs Under the Microscope” (“Medicamentos para TB-DR sob o microscópio”, em tradução livre para o português), que analisa as barreiras e os fatores que afetam o acesso a regimes de tratamento para a TB resistente a medicamentos.

O relatório aponta que os regimes de tratamento atuais preferenciais para a TB-DR têm seu preço estabelecido entre US$1.800,00 e US$4.600,00 por pessoa por curso de tratamento, sem incluir os novos medicamentos para TB nem os medicamentos adaptados que seriam combinados a eles e que poderiam aumentar a eficácia dramaticamente. Isso representa uma importante redução em comparação ao primeiro relatório publicado sobre o mesmo assunto em 2011, quando os mesmos regimes de tratamento custavam entre US$4.400,00 e US$9.000,00 por pessoa. No entanto, a adição dos medicamentos novos e adaptados que poderiam tornar o tratamento muito mais tolerável e aumentar sua taxa de sucesso, poderia, infelizmente, resultar em um novo aumento dos preços.


MSF ressalta a necessidade urgente de ampliar o acesso das pessoas a esses tratamentos mais efetivos, tornando-os acessíveis e disponíveis. “A TB tem cura, mas ainda assim é, atualmente, a doença infecciosa que mais mata no mundo”, afirma a Dra. Grania Brigden, consultora de TB da Campanha de Acesso a Medicamentos de MSF. “Precisamos desesperadamente de um tratamento que seja mais tolerável, que cure mais pessoas e que seja mais acessível e disponível. Do contrário, trata-se apenas de negócios habituais com consequências mortais”.

Fonte: MSF.

Saiba Mais: 

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Indígenas, negros e mulheres são mais afetados por pobreza e desemprego no Brasil, diz CEPAL

Por ONUBR

UNFPA vai participar da elaboração de estratégias e iniciativas da Década Estadual Afrodescendente da Bahia. Foto: Flickr / Andrea Moroni (CC)
População afrodescendente também é mais afetada
por miséria no Brasil, alerta CEPAL.
Foto: Flickr / Andrea Moroni (CC)
Em relatório divulgado pela Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL) alerta que indígenas, negros e mulheres estão mais vulneráveis ao desemprego e à pobreza em países latino-americanos.

No Brasil, índice de miséria entre os afrodescendentes chega à média de 22%, valor duas vezes maior que entre os brancos (10%).

A pesquisa do organismo regional identifica o que chama de “eixos estruturantes” da desigualdade social, como gênero e aspectos étnico-raciais.

Com base em dados de 2014 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a CEPAL calculou que a porcentagem de indígenas brasileiros vivendo em situação de pobreza extrema — 18% — é seis vezes maior do que a proporção verificada no restante da população do país. Entre os negros, a taxa é menor (6%), mas representa o dobro do índice de indigência entre os brancos.

As disparidades atravessam outros níveis de renda. No Brasil, 49% dos indígenas e 33% dos afrodescendentes pertencem à quinta parte mais pobre da população. Vinte e quatro porcento dos indivíduos brancos estão entre os 20% mais ricos da sociedade. O valor é três vezes maior do que a participação dos negros (8%) e dos indígenas (7%) nesse grupo mais abastado.

As desigualdades nacionais acompanham padrões regionais, segundo a CEPAL. Em média, na América Latina 37% dos indígenas e 34% dos negros fazem parte dos 20% mais pobres e taxa de participação desses grupos nas camadas mais ricas equivale a aproximadamente metade dos índices calculados para os brancos.

Renda, emprego e qualificação

Considerando a faixa etária dos 15 aos 29 anos, a pesquisa revela que, no Brasil, homens brancos enfrentam um índice de desemprego de 9,9%, ao passo que entre mulheres negras a taxa atinge 19,4%, mesmo a média de escolaridade variando apenas 0,2 ano entre os dois grupos — de 9,8 entre o público branco masculino e para 9,6 entre mulheres afrodescendentes.

Mesmo quando mulheres brasileiras permanecem mais tempo na educação formal — como é o caso das mulheres brancas, que se qualificam por um período estimado em 10,6 anos —, a desocupação permanece mais alta entre o público feminino jovem, chegando a 14,6%. Os dados utilizados para a análise são de 2014.

Na América Latina, a proporção de mulheres negras e brancas que dependem de transferência de renda é quase a mesma — 27% e 26% respectivamente. Os homens, em ambos os casos, dependem menos dessa via — 14% do público masculino dos dois segmentos.

Avaliando a população empregada do Brasil, Equador, Peru e Uruguai, a CEPAL descobriu que a escolaridade média dos brancos empregados — 9,4 anos — é significativamente mais elevada que a de afrodescendentes — 7,1 anos.

A população indígena também aparece particularmente vulnerável à falta de acesso a educação. Cerca de 20% dos jovens indígenas latino-americanos de 12 a 17 anos não frequentam a escola. A proporção cai para cerca da metade, quando analisada a população branca.

A CEPAL estima que no Brasil, Colômbia, Nicarágua e Panamá, menos de 5% dos jovens indígenas do meio rural, com idade de 20 a 29 anos, possuem 13 ou mais anos de estudo.